quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Fuga cibernética



    Seres humanos 24 horas em companhia de tecnologias multiusos. Seja no no cinema, no shopping, no restaurante, no trabalho ou em casa, eles estão sempre fornecendo posições completas: rua, número, bairro, cidade, país. Ligados automaticamente, muitos celulares modernos fornecem a informação exata de onde estão sendo utilizados para toda lista de amigos de uma rede social, deixando absolutamente público o direito de ir e vir.
     Somos todos membros de uma sociedade moderna, carregada de apetrechos que tornam tudo mais ágil, e passamos a ser, inclusive, dependentes desses pequenos acessórios. No entanto, esse avanço ininterrupto trouxe no lombo a preocupação com os detalhes, detalhes que podem fazer uma imensa diferença e evitar tragédias. Houve-se falar, com triste frequência, de assaltos, sequestros relâmpagos e inúmeras outras barbaridades contra a tranquilidade humana, mas embora tenhamos esses incontáveis noticiários, aplicativos como, esses que fornecem endereços exatos, fazem o maior sucesso.
      Já houve uma época em que as pessoas faziam exatamente o contrário, faziam é questão de esconder onde estavam, afinal, a sociedade cobrava verdadeira transparência de conduta. Quanto menor a exposição menor a possibilidade de ser linchado por mexericos que se espalhavam na velocidade da luz. Porém, contemporaneamente, cada passo, cada conquista, cada sensação parece pular de dentro do peito humano para se transcrever em dígitos de páginas eletrônicas.
      Crucificar esses aparelhos seria ignorar todo o avanço que eles proporcionaram em grande escala para o desenvolvimento mundial, e isto seria uma estrondosa injustiça. Desconsiderar que temos toda uma geração que desconhece um mundo sem celular, computador e video-game, é jogar a sujeira toda para baixo do tapete. A verdade é que ela está entre nós, e quanto a isso cabe-nos agradecer, e sobretudo fornecer a base estrutural de consciência sobre essa nova e presente realidade. Integrar completamente o meio estudantil à práticas cibernéticas seria familiarizar-se ao contexto. Porque, infelizmente, prendemo-nos ainda  ao pensamento arcaico de que o mundo digital é uma realidade externa e paralela. É nosso dever educar uma geração ciente de que, o que era apenas parte integrante de uma máquina moldada por parafusos e placas eletrônicas, arrancou as amarras da tela e veio conviver conosco, em meio ao nosso sem graça dia-a-dia.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Um humilde comentário

       Margaret Tatcher, primeira ministra da Inglaterra por 11 anos, interpretada por nada menos que Meryl Streep em a Dama de Ferro, filme que ganhou o Oscar 2012 de Melhor Atriz e Melhor Maquiagem. Foi apenas uma apresentação do assunto. Não sou expert em cinema, mas estou buscando informações, quero me estruturar para poder levantar uma opinião sólida sobre alguma obra, e para toda caminhada é preciso o clichê do primeiro passo, vou arriscar um comentário sobre o filme que retrata a vida de uma grande personalidade. Confesso que antes do filme eu jamais saberia responder quem era Margaret Tatcher, o que é uma lástima, pois foi uma figura importantíssima para a história mundial, sobretudo da Inglaterra. Mas conhecimento é uma prática diária, e os filmes são seus grandes aliados. A vida de Tatcher foi uma busca constante por um sonho. Mulher forte, rígida e corajosa que se destacou em um mundo em que o "H" era letra maiúscula. O filme em sua produção é cansativo e ele arrasta de forma pesada o cotidiano da protagonista. Confesso que dormi durante as duas vezes em que parei para assistir, mas cheguei ao fim e tenho uma opinião: É MASSANTE!
      O brilho recaí todo sobre a veterana das lentes, Meryl Streep, que é quase irreconhecível e sem dúvida alguma mereceu a estatueta de melhor maquiagem. As rugas, os dentes...quase não se é possível enxergar Meryl por trás de toda aquela produção. Mas contra a correnteza e o Oscar, eu discordo que Meryl tenha feito uma grande atuação. O que não significa que ela não tenha atuado bem. As cenas de Margaret já com idade e doente mostra o poder de atuação de Meryl, mas Margaret  em seu mandato, com mão de ferro, para mim, faltou autoritarismo, faltou o comando, faltou Miranda Priestly.
       No entanto, é digno valorizar o filme pelo seu teor histórico. Há também uma citação no filme que gostaria de compartilhar:
"Cuidado com os pensamentos, eles podem se tornar palavras;
Cuidado com as palavras, elas podem se tornar ações;
Cuidado com as ações, elas podem se tornar hábitos;
Cuidado com os hábitos, eles podem se tornar seu caráter;
Cuidado com o seu caráter, ele pode se tornar seu destino.
NÓS NOS TORNAMOS O QUE PENSAMOS." 

sábado, 17 de março de 2012

Baú de luxo

No fim o futuro nada mais é do que um grande contemplador do passado. É engraçado como as belezas do tecnológico não conseguem superar a elegância que as antiguidades carregam. Os grandes modernistas sabem reciclar muito bem o passado, e o trazem para o presente com os méritos do criativo original.

Alguém pode tentar me contrariar dizendo sobre os Ipad's, que estão dominando o mercado são absolutamente inovadores, eu não discordo, mas o luxo do remoto na sombra de um detalhe moderno é o grande fluxo das inovações. 

Moderníssima banheira que dispensa uma obra.
São sapatos masculinos do século 17 trazidos a tona para a mulherada, cd's imitando os vinis, e o que me colocou a reflexão nesta manhã de sábado, as banheiras que agora não mais precisam ser escondidas no piso do banheiro, voltaram a ser admiradas apenas sobreposta. "Um clássico!". 
Os seguidores das inovações de Steve Jobs que me perdoem, mas os museus são fontes belíssimas de inspiração, e cultuar o passado é valorizar com dignidade e respeito os pioneiros da modernidade! 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

AFS - Associação dos Frutos do Sistema

Oi, meu nome é Erika, vim aqui dar meu testemunho.
-Oiiii Erika!
Inúmeras paráfrases de uma verdade: qualquer ignorância pode ser superada com uma boa dose de leitura. Ok, eu não poderia ser a única exceção a regra né? Não. Mas às vezes essa parece ser a única verdade que me cabe. Não é uma simples questão de crise emocional, mas a inteligência e desenvoltura na arte do saber de muitas pessoas me impressionam e me dão uma leve dor de cotovelo.
É claro que é difícil concorrer com uma melhor amiga que passa em 8 universidades federais, dentre elas as duas mais renomadas do Brasil, e nada mais e nada menos do que para o curso de medicina, sim minha cara, medicina! Parabéns à ela, sem nenhuma sobra de dúvida, mas nosso potencial de crença em si próprio, fica, no mínimo, constrangida em existir!
Ainda mais, tenho aquele leve encosto que não me larga, de lembrar que eu não estou na universidade que sempre sonhei, embora, nunca deixemos de lembrar, que eu tenha passado, mas tenha tido a capacidade de perder  a matricula. Sim, não é apenas isso, tenho também aqueles outros colegas de universidade que sempre surpreendem com as palavras, enquanto os meus textos recebem apenas um humilde "bom".
Quero parar o mundo para gritar ao mundo(embora meu blog alcance não mais do que eu) que sim, eu sou uma vítima da competição maldita em que fomos inseridos desde que nascemos, a maldita condição social que me persegue e me faz desacreditar na minha própria capacidade, a arrasadora disputa que o sistema me impõe a sentir, como meu caro amigo Alan-cujo texto surpreende-lembrou, eu sou uma clara cidadã com sonhos burgueses, e infelizmente vejo constantemente o medo de fracassar correndo atrás de mim e me estabelecendo uma ansiedade perturbadora. Eu estava há 2 dias sem pensar nisso!
-Palmas....     

domingo, 8 de janeiro de 2012

Já dizia Manuel Bandeira: O bicho,meu Deus, era um Homem!

    Era 6 horas da tarde, me dava a contentamento de um andar saltitante pelo fim de mais um expediente. Embora um emprego opcional, a carga de responsabilidade e cansaço  são os mesmos. Mas foi então que fomos surpreendidos novamente, quando me dei conta que meu estômago embrulhava e eu tapava, com minhas duas mãos, meus olhos e minha cara de nojo para um ser, tal qual como eu, uma essência entre um cérebro e dois pés. O ser se dispunha a revirar o latão de lixo da minha casa de empada preferida, em busca do resto do que para mim fora meu delicioso café da tarde. É claro que a pessoa que vinha de frente comigo observou minha reação, e chegou a esboçar, inclusive, uma risada, acredito eu, de deboche.
    Tomou conta de mim um absoluto sentimento de compaixão e de valorização da vida, mas que passou com a próxima vitrine em promoção, afinal o que me dói mesmo é uma frustração inteiramente pessoal, uma vaga perdida da UFRJ. Peço desculpa por meus olhos se manterem secos por aquele homem. Eu não sou uma fútil e egoísta, gostaria muito de ter presenteado crianças que esperaram o presente do Papai Noel, queria, sinceramente, ter proporcionado uma ceia para quem passa fome (tal qual minha mãe fez e eu tive o prazer de acompanhar), mas eu não sou hipócrita, não vou sair por ai chorando por essas pessoas, gritando por igualdade enquanto espero meu próximo salário para comprar uma câmera fotográfica profissional, talvez para fotografar a desgraça, inclusive, daquele ser mal trapilho que observei alimentar-se do lixo. Passo a acreditar que um dos piores defeitos da humanidade é a falsidade que impede as verdadeiras atitudes, o triste discurso de quem apenas lê, diz e prefere aguardar do sofá a paz mundial. Claro que não espero que todos saiam por ai trocando os lixos por banquetes, mas gostaria que as pessoas falassem menos, julgassem menos e agissem mais, é muito cômodo apontar os outros, é muito simples digitar um post no facebook, eu gostaria apenas que as pessoas pensassem por conta própria sem parafrasear grandes figuras de nossa história. Que ao menos se incomodassem com um HOMEM se alimentando do que descartamos com tanto desprezo. Desesperançoso é constatar que há reações ainda mais medíocres do que a minha.